Os fatores determinantes para Dilma não ter obtido os 3% de votos que lhe assegurariam a vitória definitiva já foram identificados: a pancadaria entre a mídia e o governo; uma engendrada campanha negativa feita na internet; uma propaganda eleitoral morna no final da campanha; a elevada abstenção entre seus eleitores; e, por fim, o fato de que Lula deveria ter sido mais presente na propaganda eleitoral nos últimos dias e menos agressivo com a imprensa e a oposição.
Com isso, mesmo sem ter sido brilhante, Serra conquistou os votos necessários para empurrar a decisão para o segundo turno e ter uma sobrevida na disputa.
Apesar das derrapadas no final do primeiro turno, Dilma leva vantagem, ainda que o resultado possa ser apertado. A ponto de FHC ter afirmado, de forma realística, que as chances de vitória de Serra são pequenas.
Vale lembrar que nunca um vencedor em primeiro turno foi derrotado no segundo em uma disputa presidencial. Tampouco o resultado de eleições com as características atuais tende a terminar com larga vantagem do vencedor sobre o derrotado.
Mesmo considerando que o cenário base é favorável a Dilma, fatos novos – como acidentes de percurso – podem mudar essa tendência e favorecer Serra. Por exemplo, uma adesão incondicional de Marina à sua candidatura e/ou a eclosão de algum escândalo de grandes proporções.
Outro desafio dos candidatos é a abstenção. Dilma precisa evitar que as classes D e E, principais beneficiárias de programas de transferência de renda como o Bolsa Família, deixem de votar. No primeiro turno, a abstenção no Norte e Nordeste foi de 19,43%. O mesmo desafio tem Serra em relação às classes A e B, que poderão abster-se do processo eleitoral para alongar o feriado do dia 2 de novembro. Numa disputa onde a diferença entre os dois candidatos pode ser pequena, detalhes como esse podem ser decisivos.